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Aron Hakodesh de São Vicente de Pereira – Ekhal – Património judaico – Investigação: padre Bastos e jornalista Fernando Pinto

Mais do que história, o respeito (I) Jornal  JOÃO SEMANA  (01/03/2019) TEXTO:   Manuel Pires Bastos O Aron Hakodesh (armário da Lei) Mais do que a história de um monumento que, pela sua singularidade arquitetónica e cultu­ral, se apresta a entrar no acervo do património nacional, pretendemos com este trabalho pôr em relevo as providenciais circunstâncias que permitiram conservar intacto, ao longo de cinco séculos, o Aron Hakodesh de São Vicente de Pereira e sublinhar o procedimento exemplar da família Martins, que desde o início do século XIX manteve devoluta aquela velha casa, merecendo especial menção os seus últimos proprietários, Padre Juiz Domingos Martins de Oliveira e Padre António de Oliveira Martins, os quais, conhecendo e respeitando a história comum do povo hebreu e do povo cristão, garantiram a preservação desse património até aos nossos dias [1] . Foi na década de 80 que passei a conhecer o P.e António Martins (27/01/1921-26/04/1989), regressado de Moç
Mensagens recentes

Jornal “João Semana” esteve na casa do escritor Ferreira de Castro – por Fernando Pinto

«Eu devia este livro a essa majestade verde, soberba e enigmática, que é a selva amazónica, pelo muito que nela sofri durante os primeiros anos da minha adoles­cência e pela coragem que me deu para o resto da vida. (...) A luta de cearenses e maranhenses nas florestas da Amazónia é uma epo­peia de que não ajuíza quem, no resto do Mundo, se deixa conduzir, veloz e como­damente, num automóvel com rodas de borracha –  da borracha que esses homens, humildemente heróicos, tiram à selva misteriosa e implacável.»   (Ferreira de Castro, no Pórtico do romance “A Selva”) Escritor Ferreira de Castro Há muito que o padre Manuel Pires Bastos queria juntar os cola­boradores do jornal “João Sema­na” para que pudessem conviver e trocar impressões sobre este pe­riódico centenário que muito tem feito pela cultura e historiografia vareiras. Em 10 de agosto o desejo do Sr. Abade concretizou-se, e as pessoas que apareceram nesse dia na redação foram conhecer alguns lugares dos concelhos de Ovar, Es­t

A canga vareira – por Fernando Pinto

O que é e para que serve este objecto de madeira? A canga vareira é o jugo com que se juntam os bois para o trabalho, e é feita de carvalho, sobreiro, castanheiro, ou até mesmo de eucalipto. (Quanto melhor for a madeira, mais facilmente trabalha o formão e a goiva nas mãos do artista, já que este curioso objecto, para além das pinturas e dos ornamentos, apresenta relevos habilmente esculpidos pelo artesão, que é ao mesmo tempo pintor, carpinteiro e entalhador. A canga do tipo vareiro, ao contrário da canga minhota, não costuma ter muitas perfurações, muitos rendilhados. Ao ler o pouco que existe sobre este tema, descobri um texto muito curioso de Vasco Branco, publicado no boletim “ Aveiro e o seu Distrito ”, de Dezembro de 1975, que lembra que os motivos centrais da canga vareira são "a custódia, cruz de Cristo, vaso de flores ou signo-saimão (que nos protege do mau-olhado), às armas da monarquia e república", e que “os elementos decorativos menores são geralmente fitomórfi

As varinas foram fenícias? – por José de Oliveira Neves

Este título encabeça um magnífico texto da escritora Marina Tavares Dias, acompanhado de belíssimas fotografias das varinas dos anos 30, no seu livro: Lisboa Misteriosa , da editora Quimera. Começa por contar uma história, em voga no século XIX, que atribuía às varinas origem fenícia. Escreve Marina Tavares Dias: “Dois diletantes estão pregados à porta da Casa Havaneza, no Chiado, entretendo o tempo na avaliação carnal do mulherio que passa. Entre os espécimes a que fazem olhinhos, registam com agrado a beleza superior das peixeiras. Passando elas, não se contém um dos imbecis em lhes atirar a frase feita:  –  “Que belos exemplares de raça fenícia!” .  De entre as ovarinas, lestas na resposta, uma replica logo:  –  “Fenícia é a sua tia!” Gustavo de Matos Sequeira considerava a varina como uma “herança fenícia refundida em moldes gregos, com atributos que atestam tal herança: tez morena, feição carregada, olhos escuros, tronco curto e direito e porte altivo.” Varino e Vareiro Pin

Onde e porque “dormem” os nossos barcos moliceiros? – por Fernando Pinto

Onde e porque “dormem” os nossos barcos moliceiros? Esta pergunta pode, à primeira vista, parecer um tanto ou quanto ingénua. Mas não é!... Para fotografar o rosto destes dois belos exemplares, tive que andar um bom bocado. Confesso que quase caí na tentação de ir comprar um postal para ilustrar o meu artigo.   Nos dias que correm, poucos são os barcos que “dormem” nas margens magras da ria. Um sono que só não é eterno porque o turismo e os turistas, felizmente, lá os vão acordando. Quando isso acontece, dá gosto vê-los espreguiçarem-se nas águas espelhadas da ria, num gesto quase humano, como que acabados de acordar de uma noite merecida de descanso. Antigamente, os barcos moliceiros eram talhados para o trabalho. Hoje, não passam de simples embarcações de recreio. As algas é que beneficiaram com esta preguiça involuntária, tomando, pouco a pouco, conta daquilo que foi, outrora, um bonito e perfumado lençol de água, deixando-o, principalmente na maré-baixa, enegrecido e